Mudança Climática

CONSIDERAÇÕES:

O efeito dos gases estufa é um processo natural que aquece a superfície da Terra e contribui para manter temperaturas adequadas à vida, permitindo a existência da água em seus vários estados, principalmente no estado liquido, fundamental para o desenvolvimento da vida no planeta.

Quando a energia do Sol atinge a atmosfera da Terra, parte dela é refletida de volta ao espaço enquanto o restante é absorvido e difundido pelos gases estufa, que incluem vapor d’água, dióxido de carbono, metano, óxido nitroso, ozônio e, a partir da interferência da atividade humana, vários elementos químicos sintéticos como por exemplo clorofluorcarbonos ou CFCs. Este processo, conhecido como ‘efeito estufa’, manteve a temperatura da Terra aproximadamente 33ºC mais elevada do que seria na ausência completa dos gases estufa. Se as principais fontes que contribuem para a concentração de CO2 na atmosfera tivessem permanecido as naturais, ou seja, respiração, decomposição e atividade vulcânica, a temperatura média da superfície da planeta teria permanecido dentro dos limites históricos pré-industriais. O aumento da concentração de gases estufa decorrentes da ação humana como queima de combustíveis fósseis – carvão, petróleo e gás natural – bem como agricultura, pecuária e desmatamento, incrementou o efeito estufa, aquecendo a Terra a um nível que já causou desequilíbrio e danos em vários de seus sistemas.

Em 1992, a Convenção das Nações Unidas para Mudança Climática, em inglês, United Nations Framework Convention on Climate Change (UNFCCC), estabeleceu o objetivo de estabilizar a concentração de gases estufa na atmosfera em um nível que evitaria danos causados pela interferência das atividades humanas nos sistemas climáticos. O Artigo 2 do documento gerado na ocasião afirma que “tal nível de concentração dever ser alcançado em um prazo que permita que os ecossistemas se adaptem naturalmente às mudanças climáticas, assegurando a produção de alimentos e permitindo que o desenvolvimento econômico prossiga de forma sustentável”.

Como sabemos, tais objetivos não foram alcançados. Durante a COP21 – Conferência de Paris – que foi a 21ª conferencia das partes da UNFCCC, em abril de 2016, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) foi convidado a produzir um relatório especial sobre qual seria o impacto do aquecimento global de 1,5ºC acima dos níveis de temperatura média anteriores à revolução industrial, considerando que este aumento de temperatura fosse mantido ou diminuído ao longo deste século. Neste relatório, divulgado em outubro de 2018, ficou claro que as emissões decorrentes da atividade humana (emissões antropogênicas) já causaram um aquecimento da temperatura média global de 1ºC, cujos efeitos são danosos, irão persistir por séculos e até milênios, e continuarão a causar novas alterações no sistema climático no curto e no longo prazo.

A substituição do termo ‘mudança climática’ por ‘aquecimento global’ chama nossa atenção para o impacto das ações humanas, enfocando não só as emissões de carbono, mas também a degradação de ecossistemas, em si uma considerável fonte de emissões. Estima-se que dentre as emissões antropogênicas, a perda e degradação de ecossistemas naturais tenha contribuído com 20 a 30% das emissões totais em 2009, o equivalente a de 2 a 3 vezes o volume de CO2 emitido pelo setor de transportes no mundo naquele ano.

Os principais pontos para entender o aquecimento global, listados na sessão A do relatório do IPCC são:

Em 2005 a Royal Society of London publicou um documento sobre a acidificação dos oceanos causada pelo aumento de dióxido de carbono na atmosfera. Foi recomendada a redução das emissões antropogênicas de modo a evitar danos irreversíveis na química dos oceanos e aos ecossistemas marinhos.

Impactos do aquecimento global em sistemas naturais e humanos já foram detectados. Muitos ecossistemas de terra e mar já sofreram danos devido ao aquecimento global, incluindo alterações nas contribuições que estes oferecem à humanidade. Políticas governamentais têm se mostrado insuficientes evitar a degradação de ecossistemas e a mudança climática no ritmo e intensidade necessários. A motivação para alinhar nossas atividades em benefício da saúde dos ecossistemas naturais, respeitando seus limites de resiliência, precisa partir de nós mesmos, agora, mais do que nunca. Cada um de nós, em nosso próprio dia a dia, somos responsáveis pelo clima do planeta.

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VOCABULÁRIO

Conforme definido pela UNFCCC – United Nations Framework Convention on Climate Change – 1992

> MUDANÇA CLIMÁTICA – CLIMATE CHANGE: Uma mudança no clima atribuída direta ou indiretamente à atividade humana, que altera a composição da atmosfera planetária e que se soma à variação natural do clima observada ao longo de períodos de tempo equivalentes.

> EFEITOS DA MUDANÇA CLIMÁTICA: Mudanças no ambiente físico ou biológico (biota) decorrentes da mudança climática, que tenha efeito significante e deletério na composição, resiliência ou produtividade de ecossistemas naturais ou manejados, bem como na operação de sistemas socioeconômicos, na saúde e bem-estar humanos.

> SISTEMA CLIMÁTICO: O conjunto formado pela atmosfera, hidrosfera, biosfera e geosfera e suas interações.

> GASES ESTUFA: Os gases atmosféricos, sejam eles naturais ou gerados pela atividade humana (antropogênicos) que absorvem e reemitem radiações infravermelhas.

> EMISSÕES: A liberação para a atmosfera de gases estufa e/ou seus precursores ao longo de um determinado período de tempo.

> RESERVATÓRIO DE CARBONO: Componentes do Sistema climático onde o carbono seja estocado por um longo período de tempo.

> CARBON SINK – POÇOS OU SUMIDOUROS DE CARBONO: Qualquer processo, atividade ou mecanismo que remova da atmosfera um gás estufa, aerossol ou um precursor de um gás estufa, mantendo o carbono contido nestes estocado em um reservatório de carbono por um período de tempo significativo.

> FONTE DE CARBONO: Qualquer processo ou atividade que libera um gás estufa para a atmosfera.